Dilma
ou Aécio, eis a questão: será mais nobre apoiar um dos dois através do nosso
voto, tentar encontrar dentre os poucos motivos algum para justificar nossa
escolha, mesmo entre as diversas pedras e setas com as quais o neoliberalismo
dos dois candidatos nos alveja; ou insurgir-nos de vez contra este sistema caricato
de eterna opressão do homem e da mulher, do trabalhador e da trabalhadora, do
ser humano que nasce em todos os cantos deste país tão rico e têm de se
acostumar a estar por baixo, humilhado diante da falta de oportunidades para
tantos e as tantas oportunidades para os escolhidos, ou diríamos ainda, para os
“nobres”?
Ainda
não me convenci... Confiei o meu voto ao PSOL, que defende a ideologia na qual
acredito. Creio então que a abstenção seja para mim a única alternativa que
mantenha a minha dignidade enquanto cidadão e socialista por convicção.
Mas
convencido estou de que, por mais decepcionados que estejamos com este partido
que se diz dos trabalhadores, o PSDB ainda é a pior escolha, pois bem pouco é
necessário para visualizarmos que para nós, que somos o povo, que carregamos
esta nação no braço, algumas coisas melhoraram.
Queria
que fosse diferente, queria que fosse socialismo e liberdade, mas social
democracia JAMAIS!!!
Creio
que as palavras do Pe. José Oscar Beozzo,
apresentadas a mim através do blog de Leonardo Boff deixam claros os motivos de
eu, mesmo sendo contrário à política petista, expor a minha preferência dentre
os piores:
“Nesta campanha eleitoral certos meios de comunicação criaram o motto:
“Fora PT”. Busca-se acabar com a “ditadura” do PT, para deixar campo livre para
instaurar a “ditadura do mercado financeiro”. O que realmente incomoda? A
corrupção e o mensalão?
A meu ver, o que incomoda, em que pesem todos seus limites, são as
medidas democratizantes como o Pro-Uni, as cotas nas universidades para os
estudantes vindos da escola pública e não dos colégios particulares; as cotas
para aqueles cujos avós vieram dos porões da escravidão; a reforma agrária,
ainda que muito aquém de tudo o que seria necessário, como sempre nos lembrou
Dom Tomás Balduino; a demarcação e homologação em área contínua da terra
Yanomami contra a grita de meia dúzia de arrozeiros apoiados pelo coro unânime
dos latifundiários e do agronegócio, assim como todos os programas sociais do
Bolsa Família, ao Luz para Todos, ao Minha Casa, minha Vida, o Mais Médicos e
daí para frente.
Nunca incomodou a estes críticos que o Estado pagasse o estudo de
jovens estudantes de famílias ricas que deram a seus filhos boa educação em
escolas particulares, o que lhes franqueou o acesso ao ensino gratuito nas
universidades públicas aprofundando e consolidando a desigualdade de
oportunidades. Esse estudo custa mensalmente ao Estado no caso de cursos como o
de Medicina de seis a sete mil reais. Nunca protestaram essas famílias contra
essa “bolsa-esmola” dada aos ricos, e que é vista como “direito” devido a seus
méritos e não como puro e escandaloso privilégio. São os mesmos que se recusam
a ser médicos nos interiores e nas periferias que não dispõem de um médico
sequer.
Os que sobem o tom dizendo que tudo no país está errado, em que pese a
melhoria do salário mínimo, a criação de milhões de empregos, a ampliação das
políticas sociais em direção aos mais pobres, a criação do Mais-Médicos,
posicionam-se contra as políticas do PT que visam a assegurar direitos
cidadãos, ampliar a democratização da sociedade, combater privilégios e
sobretudo colocar um pouco de freio (insuficiente a meu ver) à ganância e à
ditadura do capital financeiro e do “mercado”.”
É isso, simplesmente, o que
me faz preferir que os que tiverem a coragem de votar no neoliberalismo
prefiram a política do PT que, por mais que em nosso município não tenha
preservado NADA do que me fazia vestir sua camisa no passado, ainda conseguiu
fazer do nosso país um lugar menos miserável para a maioria da população
brasileira.